6 de jan. de 2009

REFORMA ORTOGRÁFICA

- Entra hoje em vigor a reforma ortográfica.

Talvez seja mesmo útil e necessário. Sei lá ! Vi argumentos prós e contras e aceitei todos eles.

A língua portuguesa é complexa e muita gente não sabe escrever corretamente. Problema resolvido: agora ninguém sabe. Também, tanto faz, porque ninguém vai reconhecer se está ou não portuguesmente correto.

Agora é torcer para que a unificação não afete a linguagem oral! Aquele jeito que os portugueses tem de dizer que estão "a fazer, a aguardar, a sonhar" é tão mais bonito e claro que o gerúndio feinho...

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(Óóóóhh, mas e esse povo que acha que ser muderno é iscrevê do jeito qui quizé?

Ó, isto não está na reforma não. Só vale como reforço de expressão ou licença poética. Tudo tem seu espaço e pode ser até miguxês, mas esculhambação gratuita não vale não!

Fonetizar a escrita é um recurso, mas só pode pra quem escrever direito quando for pra isto, tá? )


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Alguém já disse que a língua é a pátria imaterial. É mesmo!

Vale como uma espécie de lar emocional. Muitas pessoas (eu também), já tiveram a experiência de, em outro país, ver alguém que chega perto, se apresenta e quer conversar um pouco, explicando que vive por lá e ao ouvir a língua deu aquela vontade de um aconchego. Emociona.

"LÍNGUA PORTUGUESA"

Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...

Amo-te assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela
E o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

Em que da voz materna ouvi: "meu filho!"
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!

(Olavo Bilac - 1865 - 1918)

E ainda

"A CAMÕES"

Quando n'alma pesar de tua raça
A névoa da apagada e vil tristeza,
Busque ela sempre a glória que não passa,
Em teu poema de heroísmo e de beleza.

Gênio purificado na desgraça,
Tu resumiste em ti toda a grandeza:
Poeta e soldado... Em ti brilhou sem jaça
O amor da grande pátria portuguesa.

E enquanto o fero canto ecoar na mente
Da estirpe que em perigos sublimados
Plantou a cruz em cada continente,

Não morrerá, sem poetas nem soldados,
A língua em que cantaste rudemente
As armas e os barões assinalados.

(Manuel Bandeira)

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